Encerramos a oficina sobre arte contemporânea com jovens das escolas de Paraty em 08/11. A experiência foi intensa e marcante envolvendo a dedicação de todos que participaram. A exposição dos trabalhos desenvolvidos nesse período está no atelier do artista Lucio Cruz e integra a programação do 4º Prêmio Belvedere Paraty de Arte Contemporânea.
Aghatta Melo, uma das participantes da oficina convida a todos que visitarem a exposição a conhecer sua biblioteca particular
montagem da exposição
“um
mundo onde todos fossem artistas seria o inferno”
Boris
Groys
A
oficina “do ordinário ao extraordinário: pensar o produzir arte
contemporânea” foi desenvolvida para, em cinco dias, aproximar
jovens de Paraty de uma produção artística que se convencionou
chamar arte contemporânea.
Para
isso optamos por tentar transmitir ao grupo formado por adolescentes,
com média de 16 anos, algumas definições que ajudassem a responder
uma pergunta recorrente sobre arte contemporânea: mas isso é arte?
Entre
várias definições sobre o que é arte utilizamos uma que pudesse
ser atemporal, ou seja, que se prestasse para trabalhos feitos em um
tempo definido; à saber: arte é a experiência do
sensível. Sendo este sensível
um pensamento ou uma emoção desencadeada por um objeto, um som, uma
imagem. Esse desencadear ou despertar pode vir ligado ao nosso dia a
dia; algo comum, banal, ordinário, mas ao sensibilizar quem se
dispõe ao envolvimento torna o comum, o ordinário em algo
extraordinário.
O
processo de mostrar imagens de artistas tão díspares, tão
diferentes quanto Picasso, Duchamp, Félix Gonzalez-Torres, Farnese
de Andrade, Érika Verzutti, Banksy ou Helena Carvalhosa, entre
outros, juntamente com discussões sobre o que era visto, visava uma
aproximação com situações comuns a todos eles.
Foi
uma grata surpresa para nós, Márcia e Marcelo, como os trabalhos
vistos e discutidos “abriram a guarda” do grupo; foi assim que
nos contaram sobre coisas de seu cotidiano: a gravidez na
adolescência, o vivenciar a morte de parentes ou amigos, a perda da
inocência, a urgência dos planos.
…
Vivemos
num mundo de resultados. A oficina tinha como premissa gerar uma
exposição com os trabalhos desenvolvidos. Evidentemente não
pretendiamos, nem poderiamos, capacita-los técnica ou teoricamente
mas provocar um interesse, uma centelha que fosse capaz de ser
passada adiante. Sendo assim, o processo foi muito mais importante do
que seria a exposição; ainda assim, e por mérito e esforço deles,
surgiram trabalhos que lidam com questões da vida e da morte, ou
seja o ciclo da vida, com as angústias de não serem mais crianças,
mas ainda não serem adultos; com as decepções e inadequações de
descobrir o mundo não como se imaginava mas como ele é.
…
Um
filósofo disse que a arte chegaria ao seu fim ou seria desnecessária
quando os homens estivessem num estágio de desenvolvimento superior.
Infelizmente somos incompletos e imperfeitos e, felizmente, a arte
ainda pode nos ajudar nesse processo de desnvolvimento.
Márcia
Gadioli e Marcelo Salles
Gostariamos
ainda de agradecer ao artista Lúcio Cruz que nos cedeu seu ateliê,
a todos da Casa Azul e seu belo trabalho. Também aos integrantes da
oficina: Juan, Arysa, Tharlene, Lunnara, Caio, Diego, Nicole, Brenda,
Thabatta, Andrew, Rafaela e Nicolle que nos ensinaram mais do que nós
a eles. E um agradecimento especial e também admiração pela
Aghatta e sua biblioteca infanto juvenil. Quando uma garota de oito
anos resolve fazer algo como ela faz a precariedade se converte em
beleza.

mais
agradecimentos:
Cesare
Pergola
Michelangelo
Rossi
(organizadores do Prêmio Belvedere Paraty)
Cristina
Maseda
(diretora da Biblioteca Casa Azul)
Gabriela
Roza
Aline
Braida
Maira
Reis
Maia
Costa
(equipe da biblioteca Casa Azul)