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Os trabalhos que se encaixam na terminologia “arte contemporanea” trazem
consigo pechas, entre outras, de difíceis, incompreensíveis ou vazios de um “sentido” que, no imaginário da maioria das pessoas, deveria existir.
Ironicamente esses mesmos “defeitos” são colocados junto a pintura mas ela não é considerada como contemporânea (por mais que a tinta apresente-se fresca).
Nestas recentes pinturas de Rogério Pinto o acúmulo de informações mostra-se como um todo fragmentado. Composto por massas de cores, figuras , signos, referências à cultura popular, ícones retrôs, coisas inacabadas, pentimentos. Neste difícil amálgama, tão caro a contemporaneidade, nossos olhos encontram muitas vezes um repouso matisseano: aquela inexplicável calma que parece suspender, por breves instantes, o transcorrer da vida plasmada em massas de cores e linhas.
Porém há nelas um dinamismo explícito, fruto não só de uma fatura expressiva mas também da atitude natural de buscar sentidos ou significados em figuras ou signos reconhecíveis para percebermos que eles ali surgem desprovidos de qualquer função cognitiva.
Esse olhar que se alterna entre a pausa e o circular pela tela cria o desejável jogo entre pintura e espectador; uma pintura feita como colagem, porém composta única e exclusivamente por tinta e que não se realiza somente na retina.
Apesar de tudo isso, talvez a maior empatia que elas podem criar advem de um sentimento transbordante da vontade de pintar; esta necessidade ancestral, inexplicável, incontida que ainda é capaz de emocionar, fazer pensar e que dificilmente pode ser expresso por palavras ou encerrado em rótulos.
Marcelo Salles
Abertura: 16 de abril, sexta feira, 20:00hs
Casa Contemporânea - rua Capitão Macedo, 370 - Vila Mariana
seg. à sex. 14hs/ 20hs; sab. 11hs/17hs - Telefone: 55 11 2337 3015
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