Conversa com Artistas
Aconteceu no sábado, 12 de janeiro de 2013, às 15h. bate papo com os artistas Cecília Pastore, Fernando Zanetti, Gabi Lipkau, Helena Carvalhosa, Hilário Kleiman, Simone Fonseca e Vera Toledo, Isaac Sztutman, Silvia Mendes, Marina de Falco, Esther S. Kleiman, Adriana Pupo, Beatriz Sztutman, Jeff Chies, Tania Nitrini,  Vera Cavallari e Márcia Vinci e o curador Marcelo Salles.

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PIGMENTO
“ O que une um grupo de pessoas para atingir um objetivo ou, o que torna essa tarefa ainda mais difícil, para definir um objetivo?“
A resposta mais óbvia para a questão acima seria a arte e, neste caso específico, a pintura. Todavia, ela tanto poderia ser este elemento de união quanto seria o céu para um astrônomo: um veículo, um meio, onde nos desenvolvemos, procuramos algo do qual temos apenas uma idéia ou onde permanecemos em intervalos de tempo.
Ficou claro para mim, ao longo das reuniões e de uma convivência mais estreita com os integrantes no período de mais de uma ano  de existência do grupo, que essa resposta se encontrava em algo mais amplo e que se colocava como uma reação a uma época de incertezas.
O humanismo remonta mais de cinco séculos e, de forma simplificada, marca o pensar sobre as relações do homem com seus semelhantes e consigo mesmo, mas também com seu habitat, mediados não mais por um ou mais deuses, mas sim por conceitos lógicos, apoiados em teorias tecno-filosóficas, e éticos como justiça, tolerância, compaixão. Esse humanismo clássico, renascentista, reverberou na virada do século vinte de maneira paradigmática.
Através do projeto moderno, o humanismo se atualiza e tenta teorizar e compreender as rápidas mudanças sociais que aconteciam, acreditando que utopias poderiam tornar-se realidade, notadamente as de caráter igualitário, sanando as falhas do passado pelo racionalismo e o progresso da ciência. Porém a realidade acabou por sufocar, também, esse “humanismo moderno”; das barbáries da segunda guerra até a queda das torres gêmeas, em que pesem espasmos como o maio de 68, a queda do muro e, mais recentemente, a primavera árabe, não faltaram acontecimentos que indicassem que essa forma igualitária, a convivência entre diferentes, a tentativa de transformar utopias, mesmo que simples, em realidade estava definitivamente enterrada.
Alguns autores chegaram até mesmo a decretar o fim da História e, portanto, de um projeto moderno. Talvez tenham esquecido que essa mesma História não se move simplesmente em círculos ou em linha reta, mas em uma espiral ascendente...
Pois bem, o que vejo como um traço comum a este grupo, na forma da dedicação de cada um para a criação de algo coletivo sem se anular a individualidade exemplificada pela criação autoral, envolve também uma relação com o projeto moderno, com um humanismo que ressurge, diferente é claro; é agora um humanismo um pouco desencantado, mais realista, onde utopias voltam a pensar-se como possíveis (mas não uma utopia do possível como sinônimo da mediocridade).
Esse ponto de contato entre os integrantes do grupo é o que faz acreditar na resposta para a pergunta que me fiz no início.
Essas pequenas utopias deixam de sê-las porque algumas pessoas enxergam que outras realidades são factíveis e que, ao pensar e agir, nossas falhas, anseios, acertos, temores, ódios, alegrias, colocam em evidência o que há de humano em nós.
Texto: Marcelo Salles

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